Mateus Capítulo 4 - Almeida 1860 Edição Atualizada (AEA - 1860)
Mateus 4
Seção 1 – Jesus é tentado, mas vence o Diabo no deserto (versículos 1–11)
Seção 2 – Jesus inicia seu ministério e prega o arrependimento (versículos 12–17)
Seção 3 – O chamado dos primeiros discípulos e o início da missão (versículos 18–23)
Seção 4 – A fama de Jesus se espalha e multidões o seguem (versículos 24–25)
Versículos 1–11: Jesus é tentado, mas vence o Diabo no deserto
No início do capítulo 4 de Mateus, encontramos Jesus sendo conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. Este evento é de grande importância teológica, pois demonstra a total fidelidade de Jesus à vontade do Pai e sua vitória sobre as tentações que o diabo trouxe. O próprio Cristo, sendo plenamente Deus e plenamente homem, mostra-nos a maneira pela qual a humanidade pode resistir às tentações.
O significado das tentações
A primeira tentação (v.3) gira em torno da fome de Jesus. O diabo tenta Cristo a transformar pedras em pães. Essa tentativa visa atrair Jesus à autossuficiência, ao desejo de resolver seus problemas de forma independente de Deus. A resposta de Jesus é clara: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (v.4), citando Deuteronômio 8:3. Essa citação nos ensina que a verdadeira vida vem da dependência da palavra de Deus, não das soluções humanas para nossas necessidades.
A segunda tentação (v.5–7) leva Jesus a um pico do templo, onde o diabo desafia-o a se lançar de lá, citando as Escrituras que afirmam que os anjos de Deus protegeriam o Messias. Jesus responde com uma citação de Deuteronômio 6:16: “Não tentarás o Senhor teu Deus.” A tentação aqui está em testar a proteção divina de forma imprudente, desafiando Deus a provar seu cuidado. Jesus rejeita essa tentação, reafirmando a confiança em Deus sem buscar prova de Sua fidelidade.
A terceira tentação (v.8–10) oferece a Jesus todos os reinos do mundo em troca de adoração ao diabo. Essa é a tentação da idolatria, da busca pelo poder sem a submissão a Deus. Jesus rejeita, citando novamente as Escrituras: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás” (v.10). Este é um lembrete da centralidade de Deus e da adoração exclusiva a Ele.
A vitória de Cristo
Jesus, resistindo a cada tentação, nos dá um exemplo de como devemos nos manter firmes contra as investidas de Satanás. Ele usa a Palavra de Deus como sua arma, e esse é o modelo para o crente: resistir ao diabo com a verdade das Escrituras e com uma vida totalmente submissa à vontade de Deus. A vitória de Jesus no deserto reafirma sua identidade como o Messias e sua missão de trazer a salvação ao mundo.
Versículos 12–17: Jesus inicia seu ministério e prega o arrependimento
Após ser tentado no deserto, Jesus retorna à Galileia, começando a pregar o arrependimento. O ministério de Jesus começa com a proclamação do Reino de Deus, e seu primeiro chamado é claro: "Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus" (v.17). Esse é um anúncio central no evangelho de Mateus, pois o arrependimento é a porta para a entrada no Reino.
O arrependimento é um tema constante na pregação de João Batista, mas agora Jesus traz a mesma mensagem, indicando que a chegada do Reino não é apenas um futuro distante, mas algo já presente e iminente. Ele convida as pessoas a mudarem suas atitudes diante de Deus, a se afastarem do pecado e a se voltarem para a verdadeira justiça. O Reino de Deus é caracterizado pela obediência a Deus e pelo amor ao próximo, e o arrependimento é a primeira resposta exigida para participar desse Reino.
Versículos 18–23: O chamado dos primeiros discípulos e o início da missão
A partir do versículo 18, Jesus chama seus primeiros discípulos: Simão Pedro, André, Tiago e João. Esse chamado é simples, mas poderoso: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens" (v.19). A chamada de Jesus é feita de forma pessoal, direta e transforma a vida daqueles que a ouvem. O ministério de Jesus não é apenas sobre o ensino, mas sobre a transformação de vidas. Ele chama os discípulos para segui-Lo, mas também para uma missão: ser pescadores de homens.
Este momento é crucial, pois marca o início da missão de Jesus e o início do discipulado. Jesus não apenas ensina as multidões, mas também investe em um grupo específico, preparando-os para continuar a sua obra. Os discípulos deixam tudo para seguir Jesus, indicando a radicalidade do chamado e a total entrega que ele exige.
Versículos 24–25: A fama de Jesus se espalha e multidões o seguem
Nos versículos finais deste capítulo, a fama de Jesus começa a se espalhar. Ele cura multidões de pessoas, incluindo enfermos, endemoninhados, lunáticos e paralíticos (v.24). A resposta das pessoas ao ministério de Jesus é de um desejo profundo de transformação física, emocional e espiritual. O poder de cura de Jesus é uma manifestação visível do Reino de Deus, trazendo a libertação para os oprimidos e a esperança para os desesperados.
As multidões o seguem de todas as partes, pois ele se tornou uma figura central em Israel. Seu ministério de cura e ensinamento chama a atenção não apenas de judeus, mas de pessoas de diversas regiões, refletindo a universalidade do Evangelho.
Reflexões Teológicas e Aplicações
A tentação de Jesus e a vitória sobre o mal – A tentação no deserto destaca a vitória de Jesus sobre Satanás, sendo Ele o modelo perfeito de resistência ao mal. Isso nos ensina a importância de resistir às tentações com a Palavra de Deus, e nos lembra que, assim como Jesus foi tentado, também somos tentados, mas podemos vencer através de Cristo.
A importância do arrependimento – O ministério de Jesus começa com um convite ao arrependimento. Em um mundo que muitas vezes exalta a autossuficiência e a busca por prazer, Jesus nos chama para uma mudança radical de mente e coração. O arrependimento é a chave para a restauração e o ingresso no Reino de Deus.
O chamado para a missão – Assim como Jesus chamou os discípulos para segui-Lo e ser "pescadores de homens", esse chamado é uma responsabilidade que se estende a todos os cristãos. A missão de pregar o Evangelho e fazer discípulos é parte integral do Reino de Deus e da vida cristã.
A cura e libertação como sinais do Reino de Deus – As curas realizadas por Jesus são um reflexo do poder do Reino de Deus em ação. Elas simbolizam a libertação do pecado e a restauração da vida. Como cristãos, devemos buscar viver em plenitude a redenção que Cristo nos oferece, sendo testemunhas desse poder libertador.
Conclusão
O capítulo 4 de Mateus revela a missão de Jesus de maneira profunda e multifacetada. Ele enfrenta e vence as tentações, inicia seu ministério de pregação e arrependimento, chama discípulos para segui-Lo e se dedica à cura e à libertação das multidões. Sua vida e obra não são apenas um exemplo de retidão moral, mas um convite a todos nós para fazer parte de seu Reino. Que possamos seguir seu exemplo de fidelidade, pregar o arrependimento e viver como testemunhas de sua cura e poder transformador.
Referências
- Stanley M. Horton, O Que a Bíblia Diz Sobre o Espírito Santo.
- Myer Pearlman, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia.
- Donald C. Stamps, Bíblia de Estudo Pentecostal.